3x Via Sacra

No mês da Páscoa, entre os dias 9 e 30 de abril, o Instituto Biapó e o Museu Casa de Cora Coralina apresentaram a exposição 3x Via Sacra, um evento que mostrou a diversidade de olhares artísticos sobre um dos mais importantes episódios históricos e culturais do mundo cristão: a Via-Sacra, também chamada de o Caminho Sagrado ou o Caminho da Cruz.

Diz uma antiga tradição que Maria Santíssima percorria sempre o caminho por onde Jesus carregou a cruz pelas ruas de Jerusalém. Os discípulos, vendo-a fazer esse percurso com frequência, decidiram acompanhá-la. Com o passar dos anos, a prática se intensificou, e os peregrinos que chegavam também passaram a fazer esse roteiro pela cidade santa, que consistia em seguir os passos de Jesus do pretório de Pilatos até o sepulcro.

Na tradição cristã, a Via-Sacra representa a ação de percorrer espiritualmente o caminho de Jesus ao Monte Calvário enquanto ele carregava a cruz, uma oportunidade de interiorizar seu sofrimento. Estre trajeto é formado por 14 estações que representam determinadas cenas da Paixão: 1. Cristo é condenado à morte; 2. Jesus carrega a cruz aos ombros; 3. Jesus cai pela primeira vez; 4. Jesus encontra a sua Santíssima Mãe; 5. Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz; 6. Verônica enxuga o rosto de Jesus; 7. Jesus cai pela segunda vez; 8. Jesus encontra as mulheres de Jerusalém; 9. Jesus cai pela terceira vez; 10. Jesus é despojado de suas vestes; 11. Jesus é pregado na cruz; 12. Jesus morre na cruz; 13. Jesus é descido da cruz; 14. Jesus é colocado no sepulcro.

Na galeria de artes do Instituto Biapó, localizado na cidade de Goiás, ficaram expostas as interpretações visuais dos últimos passos de Jesus na Terra por meio de diferentes expressões e suportes artísticos utilizados pelos artistas Elder Rocha Lima, Rossana Jardim e frei Nazareno Confaloni.

Os artistas

Elder Rocha Lima

Pintor, desenhista, crítico de arte, artista gráfico, arquiteto, Elder Rocha Lima se formou pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (RJ). Estudou desenho e pintura com Ubi Bava, Pedro Correia de Araújo e Glenio Bianchetti. Lecionou História da Arte no Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás (CEB-UFG) e Desenho e História da Arte na Universidade Católica de Goiás (UCG), em Goiânia. Fundou e dirigiu a Empresa Terracota, uma indústria de artigos em cerâmica artística. Em 1980, trabalhou como crítico de arte no Jornal de Brasília. Entre as exposições que participou, destacam-se a 3a Bienal Internacional de São Paulo (1955); o 1o Salão do Artista Goiano (1964); a Primeira e Segunda Mostra de Artistas Plásticos e Arquitetos, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), em Brasília (1981-1982); o Salão Nacional de Artes Plásticas de Goiânia (1984).

 

Rossana Jardim

A goianiense Rossana Jardim iniciou sua trajetória artística com o desenho e a pintura. Atualmente, dedica-se também à colagem, aquarela e objetos. Em seus trabalhos, está presente a fascinação pela mecânica de movimentos, pelos aspectos que permitem ao objeto cumprir sua função, além de reminiscências afetivas marcantes do estilo art déco materializadas em forma de grafismos. Em busca de novas percepções, seja pelo foco, pela cor ou pela composição da imagem, ela individualiza e torna sua arte sempre atual e estimulante. Entre os principais eventos que participou, estão o 11o Salão Paulista de Arte Contemporânea de São Paulo e o 3o Prêmio Celg de Artes Plásticas de Goiânia. Ainda, recebeu o diploma de Destaque Cultural do Ano em Artes Plásticas, concedido pelo governo de Goiás, e realizou diversas exposições individuais e coletivas em museus e espaços culturais no Brasil e em Nova York, quando participou da 26a International Art Expo New York e de uma exposição na Ward-Nasse Gallery.

 

Frei Nazareno Confaloni

Giuseppe Confaloni (Itália, 1917 – Goiás, 1977) foi pintor, muralista, desenhista e professor, considerado uma das principais referências da arte do nosso estado, um ícone que rompeu paradigmas e inspirou várias gerações de talentosos artistas como Siron Franco, Ana Maria Pacheco, Neusa Moraes, e tantos outros. Estudou com Felice Carena Baccio, Maria Bacci e Primo Conti quando entrou para o apostolado, ordenando-se frei dominicano em Florença. Em 1950, a convite do bispo Cândido Penzo, foi para a cidade de Vila Boa (atual Goiás) para pintar 15 afrescos na Igreja do Rosário, denominados Mistérios de Rosário. Permaneceu na cidade como pároco e introduziu ali a técnica do afresco. Mudou-se para Goiânia em 1952, onde, paralelamente à atividade religiosa, dedicou-se à pintura de temática religiosa utilizando-se da figura humana. Nomeado primeiro vigário da Paróquia de São Judas Tadeu, na Vila Coimbra em Goiânia, projetou e trabalhou na construção da Igreja São Judas Tadeu, que dirigiu entre 1959 e 1965. Para cada fiel que contribuía com donativos, doava um de seus quadros. É o idealizador, juntamente com Luiz Curado, da Escola Goiana de Belas Artes, em Goiânia, local em que lecionava pintura e desenho. Também foi professor e fundador da Faculdade de Arquitetura da UCG, onde ensinou desenho e artes plásticas e ajudou a construir o convento e o santuário de São Judas Tadeu.